"Quando vier a Primavera", de Alberto Caeiro, é um daqueles poemas que, simplesmente, adoro, pela genialidade, desprendimento, simplicidade e amor à natureza! Aqui, muito bem dito, por Pedro Lamares. Apreciem!
26 de setembro de 2016
17 de agosto de 2016
A Poesia é uma Arma Carregada de Futuro
A POESIA É UMA ARMA CARREGADA DE FUTURO
GABRIEL CELAYA (1911-1991)
«Quando já nada se espera particularmente exaltante
mas palpitamos e seguimos aquém da consciência,
feramente existindo, cegamente afirmando,
como um pulso que golpeia as trevas,
quando miramos de frente
os vertiginosos olhos claros da morte,
dizemos as verdades;
as bárbaras, terríveis, amorosas crueldades
Dizemos os poemas
que enchem os pulmões dos que, asfixiados,
pedem ser, pedem ritmo,
pedem lei para aquilo que sentem em excesso,
com a velocidade do instinto,
com o raio do prodígio,
como mágica evidência, o real que se transforma
no idêntico a si mesmo.
Poesia para o pobre, poesia necessária
como o pão de cada dia,
como o ar que exigimos treze vezes por minuto,
para ser e enquanto somos dar o sim que glorifica.
Porque vivemos aos tropeços, porque apenas nos deixam
dizer que somos quem somos,
os cânticos não podem ser, sem pecado, um adorno.
Estamos chegando ao fundo.
Maldita a poesia concebida como um luxo
cultural para os neutros
que, lavando-se as mãos, se desentendem e evadem.
Maldigo a poesia de quem não toma partido até manchar-se.
Faço minhas as faltas. Sinto em mim os que sofrem
e canto respirando.
Canto, e canto e cantando para lá de minhas penas,
me amplio.
Quisera dar-lhes vida, provocar novos atos,
e calculo por isso com a técnica que posso.
Me sinto um engenheiro do verso e um operário
que forja com outros a Espanha em seus alicerces.
Assim é minha poesia: poesia-ferramenta
ao mesmo tempo pulsar do unânime e cego.
Assim é, arma carregada de futuro expansivo
com que aponto o teu peito.
Não é uma poesia gota a gota pensada.
Não é um belo produto. Não é um fruto perfeito.
É algo como o ar que todos respiramos
e é o canto que expande o que dentro levamos.
São palavras que repetimos sentindo
como nossas, e voam. São mais que o pensado.
São gritos no céu, e, na terra, são atos.»
Gabriel Celaya, 1955, Cantos Iberos
(tradução de António Miranda)
Fonte e versão original em espanhol: http://www.antoniomiranda.com.br/Iberoamerica/espanha/gabriel_celaya.html
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GABRIEL CELAYA (1911-1991)
Biblioteca em Móron, Cuba, 2016 |
mas palpitamos e seguimos aquém da consciência,
feramente existindo, cegamente afirmando,
como um pulso que golpeia as trevas,
quando miramos de frente
os vertiginosos olhos claros da morte,
dizemos as verdades;
as bárbaras, terríveis, amorosas crueldades
Dizemos os poemas
que enchem os pulmões dos que, asfixiados,
pedem ser, pedem ritmo,
pedem lei para aquilo que sentem em excesso,
com a velocidade do instinto,
com o raio do prodígio,
como mágica evidência, o real que se transforma
no idêntico a si mesmo.
Poesia para o pobre, poesia necessária
como o pão de cada dia,
como o ar que exigimos treze vezes por minuto,
para ser e enquanto somos dar o sim que glorifica.
Porque vivemos aos tropeços, porque apenas nos deixam
dizer que somos quem somos,
os cânticos não podem ser, sem pecado, um adorno.
Estamos chegando ao fundo.
Maldita a poesia concebida como um luxo
cultural para os neutros
que, lavando-se as mãos, se desentendem e evadem.
Maldigo a poesia de quem não toma partido até manchar-se.
Faço minhas as faltas. Sinto em mim os que sofrem
e canto respirando.
Canto, e canto e cantando para lá de minhas penas,
me amplio.
Gabriel Celaya, foto de http://www.gabrielcelaya.com/ |
Quisera dar-lhes vida, provocar novos atos,
e calculo por isso com a técnica que posso.
Me sinto um engenheiro do verso e um operário
que forja com outros a Espanha em seus alicerces.
Assim é minha poesia: poesia-ferramenta
ao mesmo tempo pulsar do unânime e cego.
Assim é, arma carregada de futuro expansivo
com que aponto o teu peito.
Não é uma poesia gota a gota pensada.
Não é um belo produto. Não é um fruto perfeito.
É algo como o ar que todos respiramos
e é o canto que expande o que dentro levamos.
São palavras que repetimos sentindo
como nossas, e voam. São mais que o pensado.
São gritos no céu, e, na terra, são atos.»
Gabriel Celaya, 1955, Cantos Iberos
(tradução de António Miranda)
Fonte e versão original em espanhol: http://www.antoniomiranda.com.br/Iberoamerica/espanha/gabriel_celaya.html
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26 de fevereiro de 2016
Loving Vincent
O novo trailer do filme Loving Vincent (de Dorota Kobiela e Hugh Welchman, Breakthru Productions, Polónia), deixa-nos fascinados com os trabalhos de Van Gogh mais vivos que nunca.
Imagem de http://www.lovingvincent.com/ |
«"Loving Vincent" é uma investigação sobre a vida e controversa morte de Vincent van Gogh, um dos pintores mais amados do mundo, contada pelass suas pinturas e pelos personagens que as habitam. A intriga desenrola-se através de entrevistas com os personagens mais próximos de Vincent e através de reconstruções dramáticas dos acontecimentos que antecederam a sua morte.
"Loving Vincent" apresenta mais de cento e vinte das melhores pinturas de Vincent Van Gogh. A trama, construída a partir das 800 cartas escritas pelo próprio pintor, levam-nos a pessoas e eventos significativos no tempo que antecedeu a sua morte inesperada.
"Loving Vincent" será a primeira longa-metragem do mundo de animação pintada, produzida pelas empresas vencedoras de Óscares Breakthru Films e Trademark Films. Cada quadro do filme Vincent Amar é uma pintura a óleo sobre tela, usando a mesma técnica em que o próprio Vincent pintou.»
Fonte: tradução de http://www.lovingvincent.com/?id=about
(Ver aqui trailer anterior)
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