25 de abril de 2011

Abril

"Conto-te resumidamente o que aconteceu em Abril:
Colhias flores, mas apesar de tudo senti que o medo
te ceifava os dedos tingidos de pétalas.
Ouviam-se ao longe os passos de guerra na calçada,
as pedras dos monumentos oscilavam,
as estátuas tremiam de frio,
as aves não sabiam o que eram asas
e afogavam-se no grande rio.
As janelas tinham rostos colados, cinzentos.
Quiseste fugir para longe quando te falei de amor.
Mas eis que do céu cai toda a água do mundo.
Disse-te: não tenhas medo, é Abril;
as medonhas gárgulas apenas vomitam águas da chuva.
E tu sorriste e tu sorriste, e com o teu sorriso
estendeste-me um poema vermelho."

Paulo Assim

2 comentários:

Paulo Assim disse...

Obrigado, Benjamina, gosto muito de ver aqui o meu poema no Armazém.

Falando de blogues, tenho os meus parados e tenho visitado poucos, um ou outro. A coisa encarrilou para o facebook e mesmo assim julgo que já perco, entre aspas, imenso tempo com ele... 8)

Beijinho,
Paulo

Luna Blanca disse...

Poetas, não se intitulam apenas poetas...
São seres estranhos, diferentes.
Possuidores de melancolia pungente
Nascem com o dom das palavras

A maldição do sentir extremado
Do sofrer demasiado
Do viver o sonho de amor
Com lancinante e extrema dor

Não sabem amar suave e sereno
Amam com todo o âmago, ao extremo.
Dedicam-se assim, por dias, noites,
Meses e anos sem fim

Mas como a vida é feita de escolhas
E na indiferença, na troca, sentem o desamor,
Mesmo compondo os mais belos versos
Inspirados que estão em seu espírito sofredor

Optam por parar de querer,
O que jamais poderão ter.
E como suas almas são predestinadas,
A escrever, escrever e mais nada,

Buscam nova inspiração,
Novas rimas, outra canção.
O poder do amor, um novo alguém,
Uma nova jornada!