e que devorava o azul
como nós devoramos o nosso amor.
Era a sombra de uma mão sozinha
num espaço impossivelmente vasto
perdido na sua própria extensão.
Era a chegada de uma muito longa viagem
diante de uma porta de sal
dentro de um pequeno diamante.
Era um arranha-céus
regressado do fundo do mar.
Era um mar em forma de serpente
dentro da sombra de um lírio.
Era a areia e o vento
como escravos
atados por dentro ao azul do luar.
Cruzeiro Seixas, em "Áfricas", 1950, Poema integrado no 1º caderno do Centro de Estudos do Surrealismo, da Fundação Cupertino de Miranda, de Vila Nova de Famalicão (daqui).
Pintura também de Cruzeiro Seixas, sem título, 1970 (daqui)
Pintura também de Cruzeiro Seixas, sem título, 1970 (daqui)
7 comentários:
Que texto lindissimo, Benjamina! Obrigado!
Um beijinho :)
Benjamina,
É lindíssimo.Um verdadeiro quadro surrelista.
Tive a oportunidade de ver a exposição na Torre da Cordoaria, a tal da Fund. Cupertino, e achei um espanto.
É um movimento que sempre me tocou muito.
Um abraço.
Surrealismo - sempre!
Ambos, pintura e poema, magníficos!
Ou não fossem do grande Cruzeiro Seixas. Genial.
Um abraço e bom feriado (que aí vem...) :)
Mais uma óptima escolha.
Cada vez creio menos que a amiga não se tenha equivocado na área que seguiu!
Um beijinho por trazer aqui Cruzeiro Seixas, poesia e pintura.
Olá Ana Paula Fitas, Miguel (T. Mike), Centopeia, Ana Paula Sena, Ferreira-Pinto e Josefa
Fico contente que tenham gostado deste lindo poema e do quadro do Cruzeiro Seixas. O surrealismo dele é tocante. Obrigada.
Um grande abraço
P.S.: Ferreiro-Pinto: talvez me tenha equivocado na área que segui mais do que uma vez (ou talvez não), mas de certeza que não por motivos artísticos, bem sabes :)
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