A seguir, está um extracto do artigo de opinião de Pedro Norton "A morte lenta", publicado na Visão desta semana. Leia o artigo completo clicando na foto ou no link. Excelente. Subscrevo.
"(...)
Portugal não tem um problema económico insolúvel. O País não tem escassez de diagnósticos nem de remédios. Portugal não tem, sequer, falta de quem os possa aplicar com eficácia e coragem. Mas Portugal tem, isso sim, um problema político sério. Portugal tem um sistema político doente, fechado sobre si mesmo e à sociedade, autista. Portugal tem uma democracia débil e refém de máquinas partidárias que sacrificam qualquer tentativa de regeneração ou de mudança do status quo à desesperada ânsia de autopreservação da sua imensa mediocridade. Portugal tem, por via dessa sufocante pulsão uniformizadora da sua partidocracia, uma total incapacidade de atrair ou de gerar elites e lideranças políticas com verdadeira vontade e capacidade reformista.
(...)
Se alguma coisa nos condenar à morte lenta não será a economia. Será a política. E é bom não esquecer que se o inferno são os outros, a política somos nós."
Portugal não tem um problema económico insolúvel. O País não tem escassez de diagnósticos nem de remédios. Portugal não tem, sequer, falta de quem os possa aplicar com eficácia e coragem. Mas Portugal tem, isso sim, um problema político sério. Portugal tem um sistema político doente, fechado sobre si mesmo e à sociedade, autista. Portugal tem uma democracia débil e refém de máquinas partidárias que sacrificam qualquer tentativa de regeneração ou de mudança do status quo à desesperada ânsia de autopreservação da sua imensa mediocridade. Portugal tem, por via dessa sufocante pulsão uniformizadora da sua partidocracia, uma total incapacidade de atrair ou de gerar elites e lideranças políticas com verdadeira vontade e capacidade reformista.
(...)
Se alguma coisa nos condenar à morte lenta não será a economia. Será a política. E é bom não esquecer que se o inferno são os outros, a política somos nós."
13 comentários:
Benjamina, e nós somos os primeiros responsáveis por permitir que essa mediocridade integre o grupo dos que nos governam por esse país fora; o facto de muitas vezes não dar-mos o justo valor a quem o merece (esse mal português, dizem) leva a que não se separa o trigo do joio e depois...
um abraço
Paulo
Eu confesso que acho este o principal problema do nosso país (e provavelmente de muitos outros), por isso quis aqui referir este artigo. Mas também confesso que não vejo solução fácil para o problema - é que os partidos estão dominados, aos diversos níveis, por pessoas medíocres que tudo fazem para "eliminar" ou crucificar alguém que sobressaia pelas ideias e competência, e que lhes possa eventualmente vir a tirar o "tacho" presente ou futuro. E depois, os medíocres aliam-se para "trucidar" os bons. Isto é verdade e passa-se nos grandes partidos, nos pequenos não sei, mas temo que caso venham a ser "grandes" se passe o mesmo.
Não há outra forma de democracia sem partidos? A tal democracia participativa?
Eu não sei nada de política, mas sei que este sistema está pôdre.
Um abraço
Benjamina, gostei bastante da forma como resumiu o que se passa nos bastidores dos partidos, mas apesar de difícil não será impossível; não podemos desistir.
um abraço
(dar-mos >>> darmos)
Olá Benjamina,
Gostei bastante do artigo do Pedro Norton, que faz o diagnóstico perfeito do mal que padecemos. Como a Benjamina, também sou pessimista. Não sei o que nós poderemos fazer, para que a situação se altere! O que era necessário era correr com uma corja de políticos oportunistas e dar oportunidade às pessoas de valor que existem e que fogem de se meter nesta «palhaçada».
Bj,
Manuela
Paulo e Manuela
Não sou uma pessoa pessimista, mas mais o contrário, só que neste aspecto, não vislumbro solução nem a curto nem a médio prazo. Alguém me diga por onde devemos começar, porque a verdade é que as pessoas mais capazes fogem de se meter na política por causa disto.
Abraços
A verdade é que a esmagadora maioria não é simplesmente capaz. Ponto final parágrafo.
Não todos pelo mesmo motivo, porque existem diferentes estádios dessa incapacidade mas essa é que é a verdade.
Basta ver que ciclicamente vamos, para circunscrever a questão a Portugal, entregando o destino da nau aos mesmos (PSD e PS); a verdade é que mesmo os que poderiam ser são, muitas vezes, teóricos incapazes de compreender a magnitude do problema ou insensíveis às implicações de certas coisas; a verdade é que outros pura e simplesmente são de um individualismo atroz incapazes de perceber que o seu bem-estar pode um dia terminar num ápice porque vivem em sociedade.
É óbvio que a plutocracia partidária a que temos direito não revela grande capacidade ou vontade de mudar o que quer que seja, mas também não deixa de ser verdade que andamos precisados é de encontrar um novo paradigma social, económico e político. Uma ruptura absoluta: eis o que se precisa!
Ferreira-Pinto
Concordo plenamente com esta parte do teu esclarecido texto:
"...andamos precisados é de encontrar um novo paradigma social, económico e político. Uma ruptura absoluta: eis o que se precisa!"
Acho que não concordo com a parte "a esmagadora maioria não é simplesmente capaz".
Temos muita massa cinzenta por cá, mas falta qualquer rastilho que a despolete e ponha activa.
De certo o rastilho é a ruptura de que falas. Se calhar já estivemos mais longe!
Discordo, minha cara. A esmagadora maioria não tem massa cinzenta para isso; basta que leias os blogues que por aí se fazem e verás como muitos se limitam a seguir a cenoura do momento!
E, como tu sabes, as multidões necessitam sempre de um líder, de alguém que faça a diferença ... e aí reside outro dos perigos disto tudo pois tanto nos pode aparecer um Adolfo como um Martin! :)
Adorei o post!
Concordo completamente!
O grande problema é que em Portugal muita gente se revolta contra quem nos governa,mas ninguém assume verdadeiramente essa revolta, pelo que fica por uma revolta silenciosa e nada muda.Vamos aceitando as barbaridades que nos impõem e o maior espelho de que há descontentamento é a quantidade de pessoas com formação que saem do país para procurarem condições melhores de vida.
Pessoalmente, inclino-me a fazer o mesmo.Mas eu quero sair porque me sinto descontente de viver no meu país,não porque não goste dele,mas pelo rumo que ele leva.
Ou alguém acende o "rastilho" ou então não consigo ser positiva em relação a este rectângulo com tantas possibilidades.
Abraço,
Ana
Também subscrevo em larga medida a perspicaz análise.
Muito obrigada, Benjamina, pela divulgação do artigo. Ainda não o tinha lido.
Eu também ando bastante decepcionada :(
Um beijinho :)
Ferreira-Pinto
Aqui temos uma discordância de que não podemos tirar as teimas, já que não há por aí aparelhos fiáveis para medir o Q.I.
É verdade que faz falta um líder para conduzir tempos de mudança que são precisos. Se aparecer, espero que se saiba distinguir... e para isso tenho medo que o QI seja insuficiente. Para além de que a inteligência de alguns líderes "natos" permite-lhes ocultar a verdadeira faceta, e são "verdadeiros" mentirosos (há tantos...).
Só que, ninguém engana todos todo o tempo...
Ana
Eu também concordo com este texto. Mas não me inclino a sair daqui, as minhas raízes são profundas...
É uma pena que os melhores cérebros e profissionais vão emigrando, pois só contribui para o nosso atraso.
É pena que esses cérebros não tenham todos uma costelinha de intervenção para "fazerem barulho", pois se se associassem, mesmo que nos estrangeiro, podiam ter uma voz poderosa.
Um abraço
Ana Paula
Pois é, infelizmente, o Pedro Norton tem muita razão!
Obrigada eu pela visita.
Um beijinho
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