"- Adeus, disse à flor.
Mas ela não lhe respondeu.
-Adeus, repetiu.
A flor tossiu. Mas não era por causa da constipação.
- Fui uma tola, disse-lhe por fim. Perdoa-me e procura ser feliz.
Surpreendeu-o a ausência de censuras. Permanecia ali, todo confuso, com o globo na mão. Não compreendia aquela suavidade calma.
- É certo, amo-te, disse-lhe a flor. Por minha culpa, não soubeste de nada. Isso não tem importância alguma. Mas tu foste tão tolo como eu. Procura ser feliz... Pousa essa redoma. Já não a quero.
- Mas o vento...
- Não estou constipada como isso... O ar fresco da noite vai fazer-me bem... Sou uma flor.
- Mas as feras...
- Se tiver de suportar duas ou três lagartas, para chegar a conhecer as borboletas, não faz mal. Dizem que é tão bonito. Senão, quem me há-de visitar? Estarás longe, tu. Das feras maiores não tenho medo nenhum. Tenho as minhas garras.
E mostrava ingènuamente os quatro espinhos. Depois acrescentou:
- Não te demores mais, é irritante. Decidiste partir. Vai-te embora.
É que não queria que ele a visse chorar. Era uma flor tão orgulhosa..."
Antoine de Saint-Exupéry, em "O Principezinho" (4ª edição, tradução de Alice Gomes)
4 comentários:
dos livros que ultimamente mais vontade tenho tido de reler para ler com o coração com que não li quando o li a primeira vez
com excepção da primeira vez, ainda em criança, comovi-me as várias vezes que li "O Principezinho"
Olá,
"O Principezinho" é um livro que se pode ler sempre, em todas as idades.
Traz-nos tantos exemplos de vida, é muito comovente.
Beijos Foxy
Um dos livros mais bonitos, da História Humana!
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