3 de novembro de 2009

Nevoeiro

"Nem rei nem lei, nem paz nem guerra,
define com perfil e ser
este fulgor baço da terra
que é Portugal a entristecer –
brilho sem luz e sem arder,
como o que o fogo-fátuo encerra.

Ninguém sabe que coisa quere.
Ninguém conhece que alma tem,
nem o que é mal nem o que é bem.
(Que ância distante perto chora?)
Tudo é incerto e derradeiro.
Tudo é disperso, nada é inteiro.
Ó Portugal, hoje és nevoeiro...


É a Hora!"

Fernando Pessoa, em "Mensagem"
(Foto da net, retirada de Talefe)

21 comentários:

Eduardo Miguel Pereira disse...

O genial Pessoa que, para mal dos nossos pecados, acaba por estar sempre actual, neste tristes retratos que a sua poesia fazia (faz) de Portugal.
Grande grande poeta !

Quint disse...

É, pois, chegada a HORA!

Maria Josefa Paias disse...

Benjamina,
Que bem escolhido neste ano de aniversário da publicação da "Mensagem" de F.Pessoa, o único dos seus livros que foi publicado em vida.
Um abraço.

Benjamina disse...

Eduardo

Eu também acho, o Fernando Pessoa, além de génio, era um visionário.

Benjamina disse...

Ferreira-Pinto

É HORA de acabar o nevoeiro e de o sol brilhar para todos. Eu também gostava.

Benjamina disse...

Josefa
Com o seu comentário aprendi duas coisas que não sabia(eu avisei que sou leiga).
Obrigada e um beijo.

Anónimo disse...

Depois da tempestade e vem a bonança.
Aqui como não há tempestade, não há bonança. Teremos que viver no nevoeiro... não sebastianista, pois até esse foi destruído, mas por brumas mais negras e espessas. Gosto muito, muito da "Mensagem".
O nosso povo não ACORDA... fiquei a saber disso no dia 27 de Setembro.

Beijinhos e parabéns pela tua escolha. :)

Spark disse...

Excelente escolha.

;)

Benjamina disse...

Fada
Continuas surpreendendo com as tuas comparações! Vivemos num nevoeiro, mas o sol está presente. Escondido, mas o nevoeiro há-de levantar e o sol brilhar. Pelo menos assim espero.

Spark
Obrigada :)

Paulo Lobato disse...

Benjamina,
Há coisas que não mudam porque há coisas que não queremos que mudem.

um abraço

(armazém de pedacinhos que valem a pena)

cão sem raiva disse...

Pessoa tem a verdade toda.
Nunca se perderá no tempo.

Anónimo disse...

Aquele sol, que Eça e Pessoa buscavam, encontraste-o?!
Eu estou como eles, ainda não o encontrei... Azar o meu. :(
Também fico esperando... pelo menos mais 4 anos... e como diz Cão Sem Raiva, Pessoa nunca se perdeu no tempo... suas palavras são intemporais e sempre actuais.
Conhecia bem a alma portuguesa.
Ideias... :)

Benjamina disse...

Olá Paulo, Cão sem raiva e Fada

Pessoa é mesmo intemporal.
Mas há sempre quem queira mudar. É preciso é encontrar uma nesga de sol todos os dias. O nevoeiro deprime.
Temos mesmo de procurar essa nesga, a ver se o sol dissipa o nevoeiro desta alma portuguesa enevoada e deprimida.
Abraços

Teresa disse...

Há tanto tempo que andamos a dizer (e a desfiar para a acção) que É a Hora! Isto é "Ser Português".
TSC

Ana Paula Sena disse...

Actualíssimo! O que mais nos vai rodeando ainda é nevoeiro. E é como diz, Benjamina, Pessoa era um grande visionário.

Continua a ser Hora!

Um abraço.

Benjamina disse...

Teresa

De facto, há cerca de um século que "É Hora". O problema é que o nevoeiro anda dentro das cabeças dos portugueses.
Um abraço.

Benjamina disse...

Ana Paula

Gostaria que o Pessoa não fosse tão visionário, e que deixasse de ter razão. Já é mais que hora de dissipar o nosso nevoeiro interior!
Um abraço

Teresa Santos disse...

Ontem como hoje. Será que é este o nosso fado?! Quem me dera ver o sol, ser optimista como tu. Mas não, Benjamina! As minhas pouquissimas esperanças são cada vez menores (se é que é possível).
Tens um selinho engraçado no meu blog.
Beijinho.

Benjamina disse...

Olá Teresa

Sei que este planeta está em muito mau estado, mas precisamos de optimismo (sem cegueira) para conseguir ver através do nevoeiro.

Muito obrigada pelo selinho, vou já buscá-lo (estes mimos ainda me estragam). Adorei.

Um beijinho

Quint disse...

Pois eu cá acho que está na HORA da Benjamina nos brindar com mais uma surpresa!

Benjamina disse...

Tens razão, Ferreira-Pinto.