"Não me peçam razões, que não as tenho,
Ou darei quantas queiram: bem sabemos
Que razões são palavras, todas nascem
Da mansa hipocrisia que aprendemos.
Não me peçam razões por que se entenda
A força de maré que me enche o peito,
Este estar mal no mundo e nesta lei:
Não fiz a lei e o mundo não aceito.
Não me peçam razões, ou que as desculpe,
Deste modo de amar e destruir:
Quando a noite é de mais é que amanhece
A cor de primavera que há-de vir."
José Saramago, em "Os Poemas Possíveis", 1966
16 comentários:
E não é uma pena que Saramago tenha apenas escrito ou, talvez, publicado um só livro de poesia ?
Miguel / T.Mike
Saramago escreve muito bem, prosa e poesia.
Embora não os conheça, há mais dois livros seus de poesia: "Provavelmente alegria", de 1970, e "O ano de 1993" , de 1975.
E ainda tem a coragem de dizer, no lançamento do seu novo livro, que a Bíblia é cruel. Ficaram indignados, os representantes das religiões, compreende-se, mas que Saramago tem razão nisso, penso que tem. Pelo menos no que se refere ao Antigo Testamento.
Ui no que tu te vais meter!
Se a brigada do reumático te apanha a jeito ...
Essa é boa, Ferreira Pinto. Então este poema não é bonito?
Benjamina,
desconhecimento meu, imperdoavel, quanto aos outros dois livros. Irei à procura deles.
Quanto ao resto, além de gostar do Saramago romancista, o melhor post de hoje que li sobre o assunto do Caim está no "A nossa Candeia" da Ana Paula Fitas, e também lá o que eu penso no comentário que lhe fiz.
Saudações atentas.
T.Mike
Também já estive n'"A Nossa Candeia", deixei lá o meu comentário (ainda não tinha sido publicado) parecido com o que deixei no "Foguetório", e li o o seu comentário. Concordo com a Ana Paula Fitas e consigo.
Nada disso, moçoila.
Pelos dias que correm basta dizer-se saramago, nem que seja a falar-se daquela erva que lá pelo Alentejo servia a gastronomia, para logo nos saltarem a terreiro uns quantos campeões sei lá de quê!
Olá amiga.Já li alguns livros de Saramago e gosto,e ele lá sabe o porquê das palavras,é um direito de opinião de cada um,escrever o que se gosta e sente,sei que os ditos "beatos"não irão gostar da verdade,mas quem não o faz com clareza,dá o dito por não dito penso eu.
Beijinhos.
Cara Elisa / Agulheta
Tem razão, certas verdades fazem mesmo doer. Acho que Saramago foi um bocado inconveniente, pois não tem o dom da simpatia, nem me parece que tenha a chamada "hipocrisia social", mas tem com certeza o dom da escrita e de ver com clareza.
Talvez tenha escolhido mal a altura para dizer o que disse, pois o que passou, foi que quer dar polémica para promover o novo livro "Caim". Confesso que li poucas das suas obras, mas do que li, leva-me a crer que não foi esse o objectivo, mas sim, dar um "abanão".
Obrigada pela visita.
Beijinhos
Amiga,
Sou completamente agnóstica e não tenho qualquer pudor em afirmá-lo.
Ouvi hoje tudo o que havia para ouvir sobre a polémica declaração de José Saramago... tanta coisa por tão pouco.
Afinal somos ou não somos livres de dizer o que pensamos??? Inconveniente???
Quantas pessoas inconvenientes dizem o que lhes apraz nos Diversoa canais de TV??? alguém os critica???
Fundamentalismo foi o que lhe fizeram quando ele publicou o Evangelho Segundo Jesus Cristo.
Estou morta por ler Cain.
Beijos
Ná
Amiga Fernanda:
Sábias palavras as suas! Ainda bem que assim pensa. O "politicamente correcto" muitas vezes impede as cabeças de pensar sem preconceitos, ou seja, sem ideias e fórmulas pré-concebidas.
Beijinhos
Ai, ai, cara Benjamina,
Com tanta coisa importante para tratar e o tempo que se tem perdido com esta discussão (eu, incluída).
Por mim, ponto final.
Dois beijinhos. Um é para a Princesa a quem desejo as maiores felicidades nesta nova fase da sua vida, a vida académica.
Obrigada Teresa, darei o beijinho à "princesinha" Alice, que começa a deixar o país das maravilhas.
Beijinhos para si também.
Benjamina, depois de toda a polémica fica o melhor de Saramago: a escrita, como é este o caso.
um abraço
É isso tudo, Paulo. O mais estranho é que pus aqui este "post" no mesmo dia mas antes de saber da polémica :)
Já agora, a quem ainda não leu "As Pequenas Memórias", recomendo um pequeno extracto que aqui armazenei, e a que chamei Avó.
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